segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Excerto do livro "A Lua de Joana" de Maria Teresa Maia Gonzalez

      "Lisboa, 27 de setembro

      Querida Marta,
      Estou pasmada com a conversa que tive com o João Pedro. Não me podia passar pela cabeça que ele tivesse talentos ocultos e, muito menos, que ele fosse, afinal, tão sensível. Vou tentar reproduzir o nosso diálogo, porque julgo que o decorei de uma ponta à outra.
      Primeiro, foi ter comigo ao bar e chamou-me de parte. Fez-me sentar a uma mesa no canto mais sossegado e disse-me:
      - Queria conversar contigo sobre o projeto que te falei, mas, antes disso, não quero deixar de te dizer que lamento imenso o que aconteceu com a Marta e calculo que deves estar a passar um mau bocado... Se precisares de mim, já sabes.
      Fiquei de boca aberta. Acho que só consegui balbuciar:
      - Obrigada, João.
      Depois, sentou-se ao meu lado, tirou umas folhas daquela pasta caquética com que anda sempre e começou.
      - Ora bem, isto aqui é apenas um plano. Está só em rascunho. Deve estar cheio de erros...
      Pedi-lhe que se deixasse de tretas e me mostrasse.
      - Eu prefiro falar primeiro.
      - Então desembucha, que daqui a pouco toca.
      - Bom, a ideia tem justamente a ver com... a morte da Marta.
      Engoli em seco.
      (...)"

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